Em outubro de 2019, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – Iepha-MG, iniciou uma pesquisa para cadastro dos moinhos de milho e das casas de farinha, com intuito de realizar um “Inventário sobre a Cultura Alimentar relacionada às Farinhas de Milho e de Mandioca de Minas Gerais – Cadastro dos Moinhos de Milho e Casas de Farinha”, segundo consta na página oficial do órgão na internet. Ainda segundo o site do Iepha-MG, “a proposta do inventário foi lançada durante as comemorações do Dia do Patrimônio Cultural 2019 – Cozinha e Cultura Alimentar no Circuito Liberdade”.
A mandioca (manihot esculenta), planta originária das terras brasileiras e base da alimentação dos povos indígenas, foi incorporada à cultura alimentar do estado de Minas Gerais durante o período colonial e hoje é item indispensável na mesa dos mineiros, utilizada nos mais variados cardápios da nossa culinária como bolos, bolinhos recheados, biscoitos, caldos, frituras, farinhas e uma infinidade de receitas, evidenciando a versatilidade do uso da sua raiz.
Com a preocupação de proteger e salvaguardar esse bem cultural do nosso estado, o Iepha -MG disponibilizou em sua plataforma digital um formulário para que, de forma colaborativa, prefeituras, pesquisadores e comunidades em geral reúnam informações para a realização do cadastro e futuro inventário a ser concluído no fim do ano de 2020.
A equipe do Setor de Difusão do Patrimônio Cultural da Secretaria Municipal de Cultura e Comunicação Institucional de Pará de Minas, coordenada pelos pesquisadores Alaércio Antônio Delfino e Gustavo de Aguiar Araújo, realizou um levantamento sobre as casas de farinha existentes no município de Pará de Minas e encontrou no Distrito de Torneiros [município de Pará de Minas] a Casa de Farinha do Sr. Jésus Rodrigues Galvão.
Em entrevista, realizada no dia 5 de novembro de 2019, os mesmos Sr. Jésus e Dona Maria Eva, sua esposa, proprietários da casa de farinha, contaram como se iniciou a produção da farinha de mandioca e como, com o passar dos anos, seu produto se tornou conhecido e bastante procurado por consumidores de toda a região. Conforme o relato, o negócio da família foi herdado de um dos irmãos do Sr. Jésus, que à época vivia de “bicos” mas queria se firmar em algo duradouro e que lhe proporcionasse melhores condições de trabalho e sobrevivência.
O trabalho é realizado em sistema de “meia”, ou seja, em parceria com produtores de mandioca que realizam o plantio, a colheita e o transporte da produção, enquanto o Sr. Jésus e sua família beneficiam a mandioca transformando-a em farinha da melhor qualidade, sendo o lucro dividido entre eles. Toda a produção da farinha, desde o armazenamento até a pesagem e embalagem do produto é realizada de forma artesanal pela família. Trabalham na produção da farinha o Sr. Jésus, sua esposa Dona Maria Eva e uma funcionária que descascam, lavam, ralam, prensam, peneiram, torram, pesam e embalam a farinha. Todo esse processo é realizado em um pequeno galpão nos fundos da residência da família.
A farinha produzida pelo Sr. Jésus é comercializada na própria região, sendo que grande parte é comprada pelos comerciantes e revendida para a população. Mas há também a “venda de porta”, a granel, para os clientes que vão até a casa de farinha para comprá-la diretamente com Sr. Jésus.
Há uma grande preocupação do proprietário com o futuro do negócio pois, não existe interesse dos familiares mais jovens em dar continuidade ao fazer artesanal da farinha iniciado pelo irmão e desenvolvido pela família do Sr. Jésus. E é com a preocupação de proteger e perpetuar esse bem histórico e cultural, que simboliza a diversidade da formação identitária da população mineira e brasileira que o Iepha-MG criou o projeto, para que, se tornando patrimônio cultural de Minas Gerais, ações possam ser tomadas para o desenvolvimento e salvaguarda dessa tradição, parte do saber fazer da rica culinária do nosso povo mineiro.
Neste sentido, a equipe do Iepha-MG, liderada pelo Gerente de Identificação e Pesquisa Luis Gustavo Molinari Mundim, no dia 13 de dezembro de 2019, acompanhada do pesquisador Gustavo Araújo da Secretaria de Cultura e Comunicação Institucional de Pará de Minas, visitou a referida casa de farinha onde o proprietário concedeu nova entrevista, sendo todo o processo de produção devidamente registrado através de fotos e filmagens. Segundo os integrantes da equipe, esse registro reunido aos de outras cerca de 400 casas de farinha existentes no estado, conforme levantamento prévio do Instituto, garantirá a realização de tais ações além de educar para que se preserve o modo de produção artesanal, parte representativa da cultura do nosso país.
* Texto elaborado por Alaércio Antônio Delfino e Gustavo de Aguiar Araújo, funcionários da Secretaria Municipal de Cultura de Pará de Minas.
Referências:
http://www.iepha.mg.gov.br/: acesso em 05/12/2019
https://www.portalsaofrancisco.com.br: acesso em 05/12/2019
Postado em 17.12.2019.
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